quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A dor de existir... do feminino III

É, amigas, já dizia Khalil Gibran que os caminhos do amor são agrestes e escarpados... mas quem consegue andar fora deles? Reconheçamos: às vezes tentamos fugir do amor - que é o amor senão a mais bela canção que nos desperta? -, mas uma vida niilista não dói e não corta a alma como o amor... E o que nos mantém vivos senão essa dor de sentir "ternura demasiada"? Quem, no amor, não sangra "de boa vontade e com alegria"?

"Todas essas coisas, o amor operará em vós
Para que conheçais os segredos de vossos corações
E, com esse conhecimento,
Vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor,
Procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,
Então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez
E abandonásseis a eira do amor,
Para entrar num mundo sem estações,
Onde rireis, mas não todos os vossos risos,
E chorareis, mas não todas as vossas lágrimas."

( Khalil Gibran)

Sim... podemos até apelar pro niilismo e esquecermos de viver o mais profundamente que podemos. Mas seria uma vida sem todos os risos possíveis, e sem todas as lágrimas possíveis... apenas superficialidade, cinismo, onde o nada e o vazio se encontram, e tudo perde sentido. Mas um grito dentro de mim pede que não. Não é possível viver assim. De onde vem esse grito, essa indignação? De onde vem o "mas só às vezes, porque senão não seria eu" da Renata?

Creio que essa dor, meninas, é a dor da "ternura demasiada", é a dor de quem vive sem perder sua alma. É dor de gente que ainda enxerga gente ao seu lado. Quando a gente se relaciona com o outro, precisamos abrir - e, diria, arrancar - um pedaço da gente. Dói, sangra, mas que adianta se fechar no meio do nada e não sentir e saborear o que nos move? É perder um pedaço pra ser mais inteiro. 

Ah, os abraços, ah, as lágrimas, ah, os sorrisos, ah, um choro de criança, ah,um olhar que se lança... 

Me ponho a observar a foto de minha sobrinha recém-nascida e.... sem pensamentos. Apenas a admiração diante da vida que CONVIDA. É absurdo e é inegável!

Quer experimentar aquilo que te move?
Você consegue assistir a estes vídeos sem sentir um mínimo de comunhão com o mundo? 





Dói SER inteiro, mas é dor de pedaço de coração arrancado que se dá. Feliz. "Sangrando de boa vontade e com alegria".

Mas tem algo que dói uma dor diferente. A dor mais dolorosa e inquietante, é ser metade... esta sim, a dor de NÃO SER, faz não só doer a alma, mas faz esvaziá-la. E quando isso acontece é que a gente percebe o quanto podemos SER e o quanto tem algo dentro da gente QUERENDO SER. Eu experimento isso toda vez que caio na superficialidade do Ser, quando não sou EU...

 "Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.

Põe quanto és
No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive"

(Ricardo Reis)

 Beijos... My.

2 comentários:

  1. Fiquei muito emocionada com os vídeos e os escritos. Pode até parecer piegas o que vou dizer. Mas a verdade é bem esta: as pessoas têm muita preguiça de viver o profundo e a comunhão. E ficam perdidas dentro de si mesmas esperando que alguém tire-as da superfície e da individualidade. Mas esquecem que somente elas podem amar e se decidirem por isso. E como ser inteiro sem a dor do outro, a dor da alma e a dor que o próprio amar nos causa?
    O "Não!" descrito acima também grita dentro de mim!!!
    Beijos!
    Gisa

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